Este artigo
apresenta algumas razões pelas quais os Humanistas asseguram que a Bíblia não é
a palavra de Deus. Os Humanistas estão convencidos de que a Bíblia foi escrita
basicamente por seres humanos que viviam numa época de ignorância, superstição
e crueldade. Os Humanistas também acreditam que por ter sido escrito por
pessoas que viveram numa era bárbara e de pouco esclarecimento, o livro
produzido contem muitas afirmativas errôneas e ensinamentos prejudiciais.
Muita crítica tem
sido dirigida aos Humanistas pela posição que sustentam em relação à Bíblia.
Alguns críticos da filosofia Humanista vão até ao ponto de afirmarem que os
Humanistas são o próprio Mal ou agentes do Demônio. A esperança é a de que este
artigo proporcione esclarecimentos quanto às reais opiniões dos Humanistas a
respeito da Bíblia.
CONTRADIÇÕES:
O fato da Bíblia
apresentar contradições é uma das razões pelas quais os Humanistas consideram o
livro como sendo de autoridade não confiável. Obviamente, se duas afirmativas
na Bíblia se contradizem, pelo menos uma das afirmativas deve ser falsa. Pelo
fato de que em numerosas passagens ocorrem versículos bíblicos contraditórios,
deduz-se que a Bíblia contem muitas afirmativas falsas.
As contradições
aparecem já no início, quando relatos sobre a criação do mundo são
apresentados. Por exemplo, Gênesis, capítulo 1, diz que o primeiro homem e a
primeira mulher foram feitos ao mesmo tempo, depois dos animais ("Deus
criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os
criou" G 1,27). No entanto, Gênesis, capítulo 2, diz que a ordem da
criação foi a seguinte: homem, depois os animais e depois a mulher ("Então
Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito
de vida e o homem se tornou um ser vivente"G2,7 - "Deus modelou do
solo todas as feras selvagens e todas as aves do céu e as levou ao homem para
ver como ele as chamaria" G2,19 - "Depois da costela que tirara do
homem, Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem" G2,22).
Em Gênesis 1, as
árvores frutíferas foram criadas antes do homem, mas no capítulo 2 há a
indicação de que as árvores frutíferas foram criadas depois do homem. Em G 1:20
se diz que as aves foram criadas das águas mas em G:19 se diz que as aves foram
criadas do solo. Também em G 1:2-3 afirma-se que Deus criou a luz e a separou
da escuridão no primeiro dia, mas G1:14-19 diz que o sol, a lua e as estrelas
só foram feitos no quarto dia.
Contradições
também abundam nos relatos bíblicos de um dilúvio universal. G 6:19-22 diz que
Deus ordenou a Noé para trazer para a arca dois seres de cada espécie. No
entanto, em G 7:2-3 há que "de todos os animais puros e das aves dos céus,
tomarás sete pares, o macho e sua fêmea; dos animais que não são puros, tomarás
um casal, o macho e sua fêmea". G 7:17 diz que a inundação durou quarenta
dias, mas G 8:3 diz que durou cento e cinqüenta dias. G8:4 afirma que, conforme
as águas desceram, a arca de Noé repousou sobre as montanhas de Ararat no
sétimo dia mas no próximo versículo se afirma que o topo das montanhas não
podia ser visto até o décimo mês. G 8:13 afirma que a terra estava seca no
primeiro dia do primeiro mês, mas em G 8:14 se diz que a terra não estava seca
até o 27º dia do segundo mês.
O Antigo
Testamento também apresenta significativas contradições na história do censo
realizado pelo Rei David e a subsequente punição dos Israelitas por Deus. De
acordo com a história, Deus estava tão enraivecido pelo censo que ele enviou
uma praga que matou setenta mil homens. Samuel II 24:1 diz que Deus é que mandou
David realizar o censo (Vai, disse Deus, e fazei o recenseamento de Israel e de
Judá), mas nas Crônicas I 21:1 afirma-se que David foi influenciado por Satã
para realizar o censo (Satã levantou-se contra Israel e induziu Davi a fazer o
recenseamento de Israel).
Além disso, há uma
contradição no que diz respeito à questão sobre o castigo de Deus às crianças
pelos crimes cometidos por seus pais. Em Ezequiel 18:20, o Senhor diz:
"Sim, a pessoa que peca é a que morre! O filho não sofre o castigo da
iniquidade do pai, como o pai não sofre o castigo da iniquidade do filho".
No entanto, em Êxodos 20-5, Deus diz: "Sou um Deus ciumento, que puno a
iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e a quarta geração dos que
me odeiam". O Antigo Testamento é contraditório sobre o comando de Deus
para que os Israelitas sacrificassem animais em seu louvor. Em Jeremias 7:22,
Deus diz que não mandou os Israelitas fazerem qualquer sacrifício de animais.
No entanto, em Êxodos 29:38-42 e em muitas outras passagens no Pentateuco, Deus
é claro quanto ao pedido para que os Israelitas sacrifiquem animais.
Passando para o
Novo Testamento, há contradições quanto à genealogia de Jesus da forma como é
apresentada no primeiro capítulo de Mateus e a genealogia do terceiro capítulo
de Lucas. Ambas genealogias apresentam o pai de Jesus como sendo José (o que é
curioso, posto que Maria teria sido fecundada pelo Espírito Santo), mas Mateus
afirma que o nome do pai de José era Jacó, enquanto que Lucas diz que seu nome
era Heli. Também Mateus diz que houve vinte e seis gerações entre Jesus e o Rei
David mas Lucas diz que o número foi de quarenta e uma gerações. Além disso,
Mateus alega que Jesus era descendente de Salomão, filho de David, mas Lucas
afirma que era de Natan, outro filho de David.
Na história do
nascimento de Jesus, Mateus 2:13-15 diz que José e Maria partiram para o Egito
imediatamente após a vinda dos magos do oriente com seus presentes. No entanto,
Lucas 2:22-40 indica que, após o nascimento de Jesus, José e Maria permaneceram
em Belém durante o tempo da purificação de Maria (que era de quarenta dias, de
acordo com as leis da época) e que depois levaram Jesus para Jerusalém para
apresentá-lo ao Senhor e depois retornaram para sua casa em Nazaré. Lucas não
menciona a jornada para o Egito ou a visita dos sábios do oriente.
Quanto à morte de
Judas, Mateus 27:5 diz que Judas pegou o dinheiro que tinha obtido pela
traição, atirou-o no templo, e depois foi se enforcar. No entanto, Atos 1:18
relata que Judas usou o dinheiro para comprar um terreno e que caindo de cabeça
para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas. Nas
descrição de Jesus sendo levado para a execução, João 19:17 diz que Jesus
carregou sua própria cruz. No entanto, Marcos 15:21-23 diz que um homem chamado
Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, carregou a cruz de Jesus até o local
da crucificação.
Quanta à própria
crucificação, Mateus 27:44 nos diz que Jesus foi insultado pelos ladrões que
estavam sendo crucificados junto dele. No entanto, Lucas 23:39-43 diz que
somente um dos ladrões insultou Jesus e que o outro ladrão defendeu Jesus a
quem Jesus teria dito: "Hoje ainda estarás comigo no Paraíso". Quanto
às últimas palavras de Jesus na cruz, Mateus 27:46 e Marcos 15:34 afirmam que
Jesus gritou: "Deus, meu Deus, por que me abandonastes?". Lucas 23:46
diz que as últimas palavras de Jesus foram: "Pai, em suas mãos eu entrego
meu espírito". Segundo João 19:30 as últimas palavras de Jesus, foram:
"está terminado".
Há contradições
inclusive nos relatos da ressurreição - o evento que é a base da religião
cristã. Marcos 16:2 diz que no dia da ressurreição certas mulheres chegaram ao
túmulo ao nascer do sol, mas João 20:1 diz que quando chegaram já era noite.
Lucas 24:2 nos diz que o túmulo estava aberto quando as mulheres chegaram, mas
Mateus 28:1-2 diz que ele estava fechado. Marcos 16:5 diz que as mulheres viram
um jovem rapaz no túmulo, Lucas 24:4 diz que viram dois homens, Mateus 28:2
alega que elas viram um anjo, e João 20:11-12 afirma que elas viram dois anjos.
CRUELDADES:
Os humanistas
também rejeitam a Bíblia porque ela descreve e aprova os mais ultrajantes atos
de extrema crueldade e injustiça jamais imaginados. Um dos princípios do nosso
sistema legal - e a base legal de todas as sociedades civilizadas - é a noção
de que o sofrimento do inocente é a própria essência da injustiça. No entanto,
na Bíblia, vemos que Deus repetidamente viola este fundamento de princípio
moral causando sofrimento a numerosas pessoas e animais inocentes.
Passagens de crueldade
e injustiça praticados pelo Deus da Bíblia são vistos mesmo nos princípios
básicos dos ensinamentos cristãos. Alguns atos bem conhecidos do Deus bíblico
são de fato imorais por causarem o sofrimento de inocentes, tais como: ter
amaldiçoado toda a humanidade e a criação devido ao ato de duas pessoas, Adão e
Eva (Gênesis 3:16-23 e Romanos 5:18); Ter afogado mulheres grávidas, crianças
inocentes e animais na ocasião do Dilúvio (Pereceu toda carne que se move sobre
a terra - Gênesis 7:20-23); Ter atormentado os Egípcios e seus animais com
pragas e doenças por ter o Faraó se recusado a deixar os Israelitas deixar o
Egito (Êxodos 9:8-11,25); Ter matado crianças egípcias na época da Páscoa (No
meio da noite Deus feriu todos os primogênitos na terra do Egito... e houve
grande clamor no Egito por não haver casa onde não houvesse um morto); Depois
do Êxodos ter ordenado aos Israelitas aniquilar sem piedade os homens, mulheres
e crianças de sete nações e roubar suas terras, demolir seus altares,
despedaçar seus postes sagrados e queimar seus ídolos (Deuteronomio 7:1-2); ter
matado o filho do Rei David por causa do adultério de David com Betsabéia
(Samuel II 12:13-18); ter solicitado a tortura e o assassinato de seu próprio
filho (Romanos 3:24-25) e ter prometido enviar para o sofrimento eterno todas
as pessoas que não aceitassem o Cristianismo (Revelações 21:8).
Além das
injustiças e crueldades contidas em muitos dos principais ensinamentos do
Cristianismo, a Bíblia apresenta numerosos outras passagens de violência que
estão em completa oposição aos padrões de toda a sociedade civilizada. Dentre
os mais chocantes e violentos episódios estão aqueles nos quais Deus é descrito
como tendo ordenado ou sancionado a decapitação de várias pessoas, incluindo-se
crianças e idosos. Alguns exemplos: Em Samuel I 15:3, o profeta Samuel dá ao
Rei Saul está ordem vinda do Senhor: "Vai pois agora e investe contra
Amalec condena-o ao anátema com tudo o que lhe pertence, não tenhas piedade
dele, mata homens, mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos
e jumentos." Ezequiel 9:4-7 apresenta a seguinte mensagem vinda de Deus:
"Percorre a cidade, a saber Jerusalém e assinala com uma cruz a testa dos
homens que estão gemendo e chorando por causa de todas as abominações que se
fazem em nome dela". Ouvi que dizia aos outros: "Percorrei a cidade
atrás dele e feri. Não mostreis olhar de compaixão nem poupeis ninguém. Velhos,
moços, virgens, crianças e mulheres, matai-os, entregai-os ao exterminador. Mas
não toqueis nenhum daqueles que trouxer o sinal da cruz".
Oséias 14
apresenta a seguinte punição: "Samaria deverá expiar, porque se revoltou
contra o seu Deus. Cairão pela espada, seus filhos serão esmagados, às suas
mulheres grávidas serão abertos os ventres." Deuteronomio 32:23-25 relata
que depois que os Israelitas provocaram o ciúme de Deus ao adorarem outros
deuses, o Senhor disse: "...vou lançar males sobre eles, e contra eles
esgotar as minhas flechas! Vão ficar enfraquecidos pela fome, corroídos por
febres e pestes violentas; porei o dente das feras contra eles, com veneno de
serpentes do deserto... perecerão todos: o jovem e a donzela, a criança de
peito e o velho encanecido."
Em Números
capítulo 31, o Senhor indica sua aprovação para a ordem dada por Moisés, nos
versículos 17 e 18, no que diz respeito a maneira pela qual os soldados
israelitas deveriam tratar mulheres e crianças capturadas na guerra:
"Matai portanto todas as crianças do sexo masculino. Matai também todas as
mulheres que conheceram varão, coabitando com ele. Não conserveis com vida
senão as meninas que não coabitaram com homem e elas serão vossas."
Isaías 13:9,15-18
contem esta mensagem do Senhor: "Eis o dia do Senhor que vem implacável e
com ele o furor ardente da ira... Todo aquele que for encontrado será trespassado...
As tuas crianças serão despedaçadas sob os seus olhos, as suas casas serão
saqueadas e as suas mulheres violentadas... Os arcos prostrarão os meninos;
eles não terão pena das criancinhas, os seus olhos não pouparão os
filhinhos". Está claro que tais versículos apresentam o Deus bíblico como
tendo os mesmos escrúpulos morais de um assassino de massas sociopata...
O Deus da Bíblia
também apresenta outras tendências sádicas com diversos outros métodos para
atormentar o inocente. Ele abre a terra para soterrar famílias inteiras
(Números 16:27-32); lança o fogo para a destruição das pessoas (Leviticos
10:1-2; Números 11:1-2); manda animais selvagens tais como ursos (Reis II
2:23-24), leões (Reis II 17:24-25), e serpentes (Números 21:6) sobre as pessoas;
autoriza a escravidão (Leviticus 25:44-46); ordena a perseguição religiosa
(Deuteronomio 13:12-16); causa o canibalismo ( Eu farei que eles devorem a
carne de seus filhos e a carne de suas filhas - Jeremias 19:9); e exige o
sacrifício de animais como meio de expiação dos pecados de seus proprietários
(Exodus 29-36).
Além de causar o
sofrimento de inocentes, outro tipo de crueldade que a o Deus bíblico pratica é
o de infligir castigos totalmente desproporcionais aos atos pelos quais tais
castigos são aplicados. Em nosso sistema de direito atual, extrema desproporção
dentre castigo e ato cometido é considerada uma violação dos direitos humanos.
Alguns atos triviais são punidos com a pena de morte:
No velho
Testamento, o Senhor prescreve a execução como punição para o "crime"
de se trabalhar nos sábados (Exodus 31:15); por praguejar contra os pais
(Levíticos 20:9); por adorar outros deuses (Deuterenômio 17:2-5); por ser um
bruxo, médium ou mago (Exodus 22:18, Levíticos 20:27); por envolver-se em atos
homossexuais (Levíticos 13:6-10) e não ser virgem no dia do casamento
(Deuteronomio 22: 20-21). Certamente, pedir a pena de morte para tais atos é
rejeitar a noção de que a severidade de um castigo deve manter alguma proporção
com a ofensa praticada.
No Novo Testamento,
o Deus bíblico em nada melhorou no que diz respeito à aplicação de penas
severas, aumentando inclusive a sua rigidez. É difícil imaginar alguma coisa
mais cruel e desproporcional do que condenar os homens ao inferno e à tortura
eterna pela simples descrença de que o filho de Deus tenha nascido de uma
virgem na Palestina há cerca de dois mil anos atrás, que tenha transformado
água em vinho, expulsado demônios das pessoas, andado sobre as águas, que tenha
sido morto pela instigação do próprio povo escolhido de Deus e que depois
ressuscitasse dos mortos.
A recusa em
acreditar nessa história faz com que o Deus bíblico prometa castigar os infiéis
com os castigos mais horríveis que possam ser imaginados.
Um dos grandes
problemas com a violência e a injustiça da Bíblia é que freqüentemente o seu
exemplo tem estimulado e tem sido usado para justificar atos de crueldade de
seus seguidores. Muitos tem imaginado que se Deus que é justo e bom, tenha
cometido e permitido os mais brutais atos de violência, os bons cristãos nada
tem a temer caso ajam da mesma forma. Este processo de raciocínio é que fez com
que Thomas Paine dissesse que "A crença em um deus cruel faz um homem
cruel". Um exemplo desse tipo de raciocínio é apresentado pelo historiador
Joseph McCabe em seu trabalho intitulado "A História da Tortura".
McCabe diz que durante a Idade Média houve mais crueldade e tortura na Europa
Cristã do que em qualquer outra civilização na história. Ele demonstra que a doutrina
cristã de castigo eterno foi uma das principais causas da extraordinária
ocorrência de tortura na Europa medieval. McCabe descreve que a justificativa
lógica para a tortura era a de que "se era natural acreditar que Deus
punia os homens com o tormento eterno, certamente estaria certo se os homens
punissem outros homens com doses menores desse tormento por uma causa
justa."
Alguns exemplos
históricos de violência e atos de injustiça incitados ou apoiados pela Bíblia
seriam a Inquisição, as Cruzadas, a queima de "bruxas", as guerras
religiosas na Europa, as perseguições aos Judeus, a perseguição aos
homossexuais, a conversão forçada de pessoas na Europa e nas Américas, a
escravidão de negros, índios e orientais, o castigo em crianças, o tratamento
brutal aos mentalmente perturbados, o extermínio de cientistas e pesquisadores,
o uso da tortura nos interrogatórios criminais, o chicoteamento, a mutilação e
a execução violenta de pessoas condenadas por algum crime. Tais atos foram
parte integrante de um mundo cristão por centenas de anos. De acordo com Thomas
Paine, "a Bíblia é uma história de perversidade que tem servido para
corromper e brutalizar a humanidade; e, no que me diz respeito, eu sinceramente
a detesto assim como detesto tudo que seja cruel".
ENSINAMENTOS INCOMPATÍVEIS COM AS LEIS DA NATUREZA:
Outras razões que
levam os Humanistas a rejeitar a Bíblia é a de que ela contem numerosas
afirmativas que são incompatíveis com as leis da natureza. Os Humanistas
acreditam que a propagação dessas afirmativas causaram muito mal a toda
humanidade.
Como resultado da observação e experiência humana, um princípio
fundamental da ciência é o de que as leis da natureza não se modificam nem
podem ser violadas e que sempre assim se mantêm durante todo tempo. De acordo
com o paleontologista Stephen J. Gould, esta uniformidade ou constância das
leis naturais, é a "suposição metodológica" que faz com que a ciência
seja viável. O que Gould quer dizer de fato é que sem essa suposição não
haveria benefício em se estudar o mundo, fazer experimentos ou se aprender com
a experiência. Tais atividades não teriam sentido em um mundo que não agisse de
acordo com os leis naturais. Em tal mundo, o conhecimento de situações passadas
não proporcionaria indicativo seguro sobre o que poderia acontecer em situações
semelhantes no futuro. Haveria sempre a possibilidade de ocorrência de forças
arbitrárias sobrenaturais interferindo nos eventos para alterar o fluxo natural
previsto pela experiência anterior.
Em nosso mundo, a
evidencia é clara de que os fatos ocorrem de acordo com leis naturais que são
imutáveis. Como resultado, o conhecimento das leis operacionais de
funcionamento da natureza aumenta nossa capacidade de predizer eventos futuros
e nos adaptarmos ao curso de tais eventos. Os ensinamentos bíblicos são,
entretanto, diametralmente opostos aos princípios científicos fundamentais da
uniformidade operacional das leis da natureza. Consequentemente, a crença na
Bíblia é incompatível com a visão científica e tem servido como um fator de
desencorajamento ao desenvolvimento de uma abordagem científica na solução de
problemas.
Na Bíblia, há
histórias fabulosas de cobras falantes (Gênesis 3:4-5); uma árvore com frutos
que quando comidos proporcionam o conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:17;3:5-7);
outra árvore cujos frutos dão a imortalidade (Gênesis 3:22); uma voz vinda de
um arbusto em chamas (Êxodos 3:4); um jumento falante (Números 22:28); rodas
que se transformam em serpentes (Êxodos 7:10-12); água se transformando em
sangue (Êxodos 7:19-22); água nascendo da pedra (Números 20:11); um defunto que
renasce quando seu corpo toca os ossos de um profeta (Reis II 13:21); pessoas
ressuscitando dos mortos (Reis I 17:21-22; Reis II 4:32-35; Atos 9:37-40).
Há também relatos
do Sol parando (Jó 10:13); a divisão do mar (Êxodos 14:21-22); ferro flutuando
(Reis II 6:5-6); a sombra retrocedendo dez degraus (Reis II 20:9-11); uma bruxa
trazendo a alma de Samuel de volta do mundo dos mortos (Samuel I 28:3-15);
dedos sem um corpo escrevendo num muro (Daniel 5:5); um homem que viveu por
três dias e três noites no estômago de um peixe (Jonas 1:17); pessoas andando
sobre as águas (Mateus 14:26-29); uma virgem fecundada por Deus (Mateus 1:20);
a cegueira curada por cuspe (Marcos 8:23-25); uma piscina que curava os que
nela mergulhassem (João 5:2-4) e anjos e demônios interferindo nos assuntos
terrestres (Atos 5:17-20; Lucas 11:24-26).
É claro que tais
histórias não estão de acordo com as leis da natureza. Estas fábulas bíblicas
servem para manter a idéia primitiva de que freqüentemente forças sobrenaturais
podem intervir em nosso mundo. Presumivelmente, os autores de tais histórias ou
mentiram ou foram desonestos quando relataram essas histórias. Quando
examinados à luz da experiência e da razão, tais suspensões das leis da
natureza carecem de credibilidade.
Nossa experiência demonstra que o mundo se
comporta de acordo com princípios de regularidade que nunca são alterados. Uma
terrível conseqüência na crença de que forças sobrenaturais interferem nos
afazeres terrestres tem sido a de pessoas que freqüentemente desviam suas
energias na tentativa de buscar no sobrenatural a solução de problemas de nosso
mundo. Ao invés de estudar o mundo natural para descobrir fatos que possam ser
usados para o desenvolvimento de soluções científicas, tais pessoas se engajam
em atividades religiosas no esforço de obter ajuda de forças sobrenaturais ou
para impedir a influência de forças supostamente malignas em suas vidas.
Um exemplo de tal
desvio de energias pode ser visto na história das tentativas de prevenir a
ocorrência e a disseminação de doenças na Europa. O historiador Andrew White
diz que, durante muitos séculos na Idade Média, a imundície das cidades
européias sempre causou grandes pestilências que levaram multidões para os
túmulos. Baseado nos ensinamentos da Bíblia, os teólogos cristãos durante
séculos acreditavam que tais pestes eram causadas não por falta de higiene, mas
pela ira de Deus ou pelas maldades de Satã.
Devido a crença
nas causas espirituais das doenças, os teólogos ensinavam as pessoas que as
pragas poderiam ser evitadas ou aliviadas por atos religiosos, tais com
arrependimento dos pecados, doação de presentes para as igrejas e monastérios,
participação em procissões religiosas e comparecimento aos encontros nas
igrejas (o que certamente somente servia para espalhar ainda mais as doenças).
A possibilidade de causas físicas para a existência e cura das doenças sempre
foi ignorada pelos religiosos.
Andrew White diz
que, a despeito de todas as rezas, rituais e outras atividades religiosas, a
freqüência e o rigor das pragas não diminuiu até que a higiene científica
começasse a se tornar presente. Falando das melhorias higiênicas que ocorreram
na metade do século XIX, White diz que "as autoridades sanitárias conseguiram
em meio século fazer mais pela redução da doença do que tinha sido feito em
1500 anos por todas as feitiçarias que os religiosos tentaram realizar."
ENSINAMENTOS INCONSISTENTES COM A ESTRUTURA FÍSICA DO MUNDO:
Uma razão
adicional pela qual os Humanistas rejeitam a Bíblia é a de que ela contem
muitos ensinamentos que são contrários ao que a ciência descobriu como sendo a
estrutura física do mundo.
Um exemplo
clássico sobre os ensinamentos incorretos da Bíblia pode ser visto na oposição
dos religiosos cristãos aos argumentos de Galileu sobre os argumentos da
doutrina de Copérnico quanto ao duplo movimento terrestre. No século XVI,
Copérnico apresentou a idéia de que a Terra girava em torno de si e do Sol, e
no século seguinte o telescópio de Galileu proporcionou evidencias seguras de
que Copérnico estava certo. Em oposição à doutrina de Copérnico e na tentativa
de demonstrar que a Terra permanecia estável enquanto o Sol se move em seu
redor, a Igreja católica se referiu ao décimo capítulo do livro de Jó. Lá somos
informados que Jó conseguira que o Sol, e não a Terra, permanecesse parado para
que o dia fosse mais longo e assim pudesse cumprir sua missão na batalha contra
os Amoritas.
Outras passagens
demonstram que os escritores da Bíblia pensavam que a Terra era fixa: Salmos
93:1 (O Mundo não pode ser movido), Crônicas 16:30 e Salmos 104:5 (O Senhor
fixou as fundações da Terra de forma que jamais pudesse ser movida).
Por causa dos
pontos de vista de Galileu sobre a doutrina de Copérnico, a Inquisição o torturou,
forçando-o a desmentir suas afirmativas e condenou-o à prisão. Além disso,
baseado nos ensinamentos da Bíblia, por quase duzentos anos, o Índex dos Livros
Proibidos da Igreja Católica condenaram todos os escritos que afirmassem a
idéia do duplo movimento terrestre. Além disso, por gerações, as principais
correntes da Igreja Protestante - Luteranos, Calvinistas e Anglicanos -
denunciaram a doutrina de Copérnico como sendo contrária às escrituras.
A Bíblia também
contem erros grosseiros quando sustenta a idéia da Terra ser plana. No sexto
século, um monge cristão chamado Cosmas escreveu um livro intitulado
Topographia Christiana no qual ele descrevia a estrutura do mundo físico.
Cosmas baseou suas conclusões nos ensinamentos da Bíblia e sustentava que a Terra
era plana, cercada por quatro mares.
Uma das razões
para a crença de Cosmas numa terra plana era a afirmativa bíblica do livro das
Revelações 1:7 de que, quando Cristo retornasse, "todos os olhos o iriam
ver". Cosmas concluiu que se a Terra fosse redonda ao invés de plana, as
pessoas que estivessem do outro lado não poderiam presenciar a Segunda vinda de
Cristo...
Outros apoios
bíblicos para a idéia da terra plana podem ser encontrados em Isaías 11:12 (ao
falar dos quatro cantos da Terra) e em Jeremias 16:19 e Atos 13:47 (final da
Terra).
Como conseqüência
de tais ensinamentos bíblicos, a maioria dos antigos padres acreditavam que a
terra era plana. O pensamento de Cosmas também foi considerado por muito tempo
como parte da doutrina da Igreja Ortodoxa. Consequentemente, quando Cristóvão
Colombo propôs, no século XV, a idéia de partir do leste da Espanha para chegar
as Índias pelo lado oeste, a noção da Terra Plana foi um dos principais motivos
de oposição ao empreendimento.
A Bíblia também
apresenta a idéia do céu como uma abóbada solida. Em Gênesis 17 o Senhor coloca
o Sol e a Lua "no firmamento" para que houvesse luz sobre a Terra. A
palavra em Hebreu traduzida como "firmamento" é "raqia",
que significa "metal batido". Por essa razão, a Igreja levou muito
tempo aceitando a idéia do "firmamento". Tal idéia também foi aceita
por Cosmas e consequentemente tornou-se parte da doutrina ortodoxa da Igreja
por diversos séculos.
Dentro dessa
doutrina estava a idéia ingênua de que havia janelas no firmamento que eram
abertas por anjos sempre que Deus desejasse fazer chover na Terra. Cosmas
acreditava que quando tais janelas eram abertas, uma porção das águas contidas
acima do "firmamento", conforme mencionadas em Gênesis 1:17, caiam
sobre a Terra. A base de Cosmas para esse ponto de vista era a afirmativa de
Gênesis 7:11-12, de que no tempo do dilúvio, "as janelas dos céus foram
abertas" caindo assim a chuva sobre a Terra.
A Bíblia também
afirma que a Terra repousa sobre pilares. Os "pilares" da Terra são
mencionados em diversos versículos do Velho Testamento (Samuel I 2:8, Salmos
75:3, Jó 9:6). Tais passagens, na verdade, são um reflexo da crença dos antigos
Hebreus de que a Terra se sustentava sobre pilares.
Além disso, a
Bíblia contradiz a ciência médica ao declarar que as doenças e outros males
físicos resultam de agentes sobrenaturais, tais como atividades demoníacas, ao
invés de causas físicas. Ao descrever as curas de Jesus, o Novo Testamento
afirma que os seguintes fatos teriam sido produzidos por demônios: cegos
(Mateus 12:22), mudos (Mateus 9:32-33), aleijado (Lucas 13:11,16), epilepsia
(Mateus 17:14-18) e insanidade (Marcos 5:1-13).
Como conseqüência,
os líderes da Igreja geralmente desencorajavam o ponto de vista de que a doença
pudesse ser causada por processos naturais e apoiavam a idéia de agentes
demoníacos como principais causas dos males. Por exemplo, Santo Agostinho,
cujas idéias fortemente influenciaram o pensamento ocidental por mais de um
milênio, disse no século IV: "Todas as doenças dos cristãos devem ser
atribuídas a estes demônios..." Mesmo com o surgimento da Reforma
Protestante no século XVI, não houve muita mudança na atitude da Igreja quanto
à origem das doenças. Martinho Lutero sempre atribuía sua própria doença à
"praga do diabo" e ensinava que: "Satã produz todos os males que
afligem a humanidade, pois ele é o príncipe da morte".
A Bíblia também
contem versículos que mencionam dragões (Jeremias 51:34), Unicórnios (Isaías
34:7) e outros animais fabulosos (Isaías 11:8). Com base nestes versos, muitos
naturalistas da Idade Média acreditavam que essas criaturas míticas de fato
existiram.
Além disso, por
séculos, e ainda hoje em muitos lugares, os versículos bíblicos levaram o mundo
cristão a acreditar que os cometas são enviados de Deus para prevenir a
humanidade de sua ira divina e castigo iminente; que o surgimento de estrelas e
meteoros são presságios benéficos de eventos tais como o nascimento de heróis e
grandes homens; que os eclipses significam a divina tristeza devido a fatos
terrestres; que os temporais e todos os fenômenos meteorológicos desagradáveis
são causados pela ira de Deus ou pela fúria de Satã; e que, mesmo que a Terra
seja redonda, as pessoas ainda assim não vivem "do outro lado."
A Bíblia também
não está cientificamente correta quanto diz que o morcego é um pássaro
(Levíticos 11:13,19), que o coelho e a lebre ruminam (Levíticos 11:5-6), e que
a semente de mostarda "é a menor de todas as sementes"(Mateus 13:32).
Também é inconsistente com a ciência e de fato absurdo assegurar que Deus tenha
confundido as línguas dos seres humanos por ele temer que os homens unidos
pudessem construir uma torre alta o suficiente para atingir o Céu (Gênesis
11:1-9).
O efeito de se
buscar na Bíblia idéias a respeito da estrutura do mundo físico foi bem
resumida pelo historiador Andrew White. Ele diz que "desenvolveu-se em
todos os campos pontos de vista teológicos sobre a ciência que nunca levaram
para uma verdade sequer e que, sem exceção, forçaram a humanidade a se
distanciar da verdade causando por séculos o afundamento do mundo cristão num
abismo de erros e infortúnios."
Face às numerosas
afirmativas incorretas concernentes à estrutura do mundo físico contidas na
Bíblia, parece não haver razão para se acreditar que os escritores bíblicos
estivessem mais corretos quando escreviam sobre coisas invisíveis. Cometendo
tantos erros sobre o universo observável, a Bíblia não pode ser considerada
como um guia totalmente confiável quando trata de assuntos espirituais e
questões de fundo ético.
PROFECIAS NÃO REALIZADAS:
Também, em
confirmação à posição dos Humanistas sobre a Bíblia, há o fato de que ela
contem profecias que comprovadamente falsas. A não ocorrência de eventos
biblicamente profetizados, constitui prova clara de que a Bíblia não é
infalível.
A Bíblia mesmo é
que apresenta um teste para determinar se uma profecia foi inspirada por Deus.
Deuteronomio 18:22 diz: "Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e
tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não
falou; com soberba a falou tal profeta, não tenhas temor dele." Ao aplicar
esse mesmo teste na Bíblia, nós percebemos que ela contem afirmativas que não
foram inspiradas por Deus.
Em Gênesis 2:17, o
Senhor teria advertido Adão e Eva sobre o fruto que havia na árvore do
conhecimento: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Porém em Gênesis,
no capítulo 3, somos informados de que Adão e Eva comeram do fruto proibido e
não morreram no dia em que assim agiram.
Gênesis 35:10
informa que Deus disse a Jacó: "O teu nome é Jacó; não se chamará mais o
teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel". No
entanto, 11 capítulos depois, em Gênesis 46:2 lemos "E falou Deus a Israel
em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! E ele disse: Eis-me aqui."
Em II Crônicas
1:12 há que Deus disse a Salomão: "Sabedoria e conhecimento te são dados;
e te darei riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhum rei antes de ti leve, e
depois de ti tal não haverá." Como o grande agnóstico Robert Ingersoll
disse no século XIX, houve diversos reis na época de Salomão que poderiam jogar
fora todo o reinado de Salomão (Palestina) sem perder muito com isso. Podemos
acrescentar que a riqueza de Salomão é pequena comparada aos padrões atuais e
sempre foi superada por muitos reis que reinaram depois dele.
Alguns exemplos de
outras profecias não realizadas no Velho Testamento incluem: Os Judeus irão
ocupar a terra do rio Nilo até o rio Eufrates (Gen. 15:18); eles nunca perderão
suas terras e nunca mais serão perturbados (Samuel II 7:10); A casa e o reinado
de David durarão para sempre; nenhuma pessoa incircuncisada nem imunda entrará
em Jerusalém (Isaías 52:1); Damasco seria reduzida a um montão de ruínas
(Isaías 17:1); as águas do Egito iriam secar (Isaías 19:5-7).
Aplicando ao Novo
Testamento o mesmo teste bíblico para identificação de falsos profetas, somos
forçados a concluir que o próprio Jesus fez declarações não inspiradas por
Deus. Por exemplo, as profecias de Jesus a respeito da época em que o mundo
iria terminar são claramente incorretas. Em Mateus 16:28, Jesus diz a seus
discípulos: "... que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a
morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino". Obviamente, as
pessoas que estavam lá já morreram todas e nenhuma delas viu Jesus retornar
para fundar o seu reinado.
Além disso, em
Marcos 13:24-30, Jesus teria listado uma série de signos que deveriam
acompanhar o fim do mundo, incluindo o escurecimento do sol, a lua não
"dando" mais luz, as estrelas caindo, o filho do homem nas nuvens com
grande poder e glória e a presença de anjos. No versículo 30, Jesus diz:
"Não passará esta geração, sem que todas estas coisas aconteçam."
Aquela geração passou há muito tempo e os acontecimentos previstos não
ocorreram.
A análise do Novo
Testamento também revela que Jesus estava incorreto na sua previsão no que
dizia respeito a quantidade de tempo em que ele ficaria na tumba. Em Mateus
12:40, Jesus diz: "Pois como Jonas esteve três dias e três noites no
ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio
da terra." Porém, Marcos 15:42-45 diz que Jesus morreu na tarde do dia
antes do Sábado (ou seja na Sexta-feira) e Marcos 16:9 e Mateus 28:1 nos dizem
que Jesus saiu da tumba no Sábado à noite ou no Domingo pela manhã. De Sexta a
Domingo pela manhã não há como se contar três dias e três noites.
Para dar mais um
exemplo do Novo Testamento, Jesus diz em João 14:13-14 que: "E tudo o que
pedires em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se
pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei." Em milhões de situações
tais solicitações foram feitas e não foram atendidas. Como um único exemplo,
basta lembrar o assassinato do Senador Robert F. Kennedy. Durante horas, logo
após ter sido ferido, milhões de pessoas rezaram em nome de Jesus pela
recuperação do Senador Kennedy. Se já houve um teste para a força da oração
cristã, esse foi um de fato. Todos sabemos o resultado. Contrariamente ao que
estava mencionado na Bíblia, o pedido não foi atendido. Assim ocorrem com
outras profecias mencionadas na Bíblia. A existência de incorretas profecias
colocam em dúvida a veracidade dos ensinamentos bíblicos. Se um versículo na
Bíblia está errado, é bem possível que outros versículos estejam errados
também.
AFIRMATIVAS INCORRETAS SOBRE A HISTÓRIA:
Mais uma razão
para a rejeição da Bíblia pelos humanistas é a de que ela contem afirmativas
incorretas a respeito da história. As pesquisas de historiadores e outros
estudiosos indicam que muitas afirmativas na Bíblia são historicamente
incorretas.
A respeito do
Velho Testamento os historiadores determinaram que a história de um dilúvio
universal não passa de um mito. Por exemplo, Andrew White aponta que o Egito
tinha uma próspera civilização muito antes do dilúvio bíblico de Noé e que
nenhum dilúvio chegou a interrompe-la.
O livro de Êxodos
nos fala de uma fuga dos escravos israelitas do Egito mas os historiadores e os
arqueólogos jamais conseguiram confirmar nada sobre esse fato. Nenhum registro
egípcio se refere ao Moisés bíblico ou às pragas devastadoras que Deus
supostamente teria infligido ao país ou à fuga dos escravos hebreus ou ao
afogamento do exército egípcio. Além disso, White relata que os registros
contidos nos monumentos egípcios demonstram que o faraó que reinava na época da
suposta fuga dos judeus jamais se afogou no Mar Vermelho.
O livro de Esther
fala de como uma jovem judia chamada Esther foi escolhida pelo Rei persa Xerxes
I para ser a rainha depois do rei ter se divorciado da rainha Vashti. Embora os
historiadores saibam uma grande quantidade de fatos sobre Xerxes I, não há
registro de que ele tivesse uma rainha judia chamada Esther ou de que tenha
sido casado com Vashti.
Além disso, o
livro de Esther afirma que o império persa foi dividido em cento e vinte e sete
províncias mas os historiadores nos dizem que nunca houve tal divisão do
império. Também, ao contrário do que é dito no livro, Xerxes I não ordenou aos
judeus em seu território que atacassem seus súditos persas.
O livro de Daniel
contem o relato de certos eventos que supostamente ocorreram durante a
permanência dos judeus na Babilônia. No quinto capítulo do livro, somos
informados de que o rei Nabucodonosor foi sucedido no trono pelo seu filho
Belsasar. No entanto, os historiadores nos dizem que Belsazar não era filho de
Nabucodonosor e nunca foi rei. O livro também nos fala de um "Dario, o
Medo", capturou a Babilônia no sexto século. A história nos diz que foi
Ciro da Pérsia que tomou a Babilônia.
Passando para o
Novo Testamento, o segundo capítulo do livro de Lucas diz que, pouco antes do
nascimento de Jesus, o imperador Augusto ordenara um censo a ser realizado em
todo o mundo romano. Lucas nos diz que todas as pessoas tinham que viajar para
a terra dos seus ancestrais com o objetivo de fazer esse censo. Ele indica que
tal censo teria sido a razão que levou José e Maria a viajar de Nazaré até
Belém, onde Jesus teria nascido.
No livro
intitulado, "Ficções Apostólicas", Randal Helms diz que tal censo
jamais foi realizado na história do Império Romano. Ele também diz que é
ridículo se pensar que os romanos tão práticos fossem solicitar a milhões de
pessoas a viajar distancias enormes até as cidades de seus já falecidos
progenitores, meramente para assinar um formulário de registro.
O terceiro
capítulo de Lucas contem uma genealogia que traça os ancestrais de Jesus em 76
gerações até chegar a Adão, que, de acordo com Gênesis, capítulo 1, foi criado
juntamente com o restante do universo durante o transcorrer de uma semana. A
Bíblia, dessa forma, sustenta a idéia de que a história da raça humana, bem
como a de todo o universo, se estende por um período relativamente curto de
tempo, não mais do que alguns milhares de anos. De fato, considerando-se os
ensinamentos bíblicos, tais como os de Lucas, capítulo 3, durante muitos
séculos a posição Cristã ortodoxa era a de que toda a Criação ocorrera dentre 4
a 6 mil anos antes do nascimento de Cristo. A ciência apresenta hoje números
bastante diferentes...
O segundo capítulo
do livro de Mateus diz que logo após o nascimento de Jesus, o rei Herodes teria
ordenado o massacre de todos as crianças do sexo masculino até dois anos de
idade em Belém e suas vizinhanças. No livro de Lucas, o qual contem a única
outra história do nascimento de Jesus, não há qualquer menção de tal ordem tão
cruel. Tal acontecimento não é também mencionado em nenhum dos registros da
época. Tem-se a impressão de que a história de Mateus foi inventada.
Mateus 27:45 diz
que enquanto Jesus estava na cruz, caiu sobre a terra uma escuridão que durou
do meio-dia até as três horas da tarde. Andrew White diz que observadores
romanos tais como Sêneca e Plínio embora tivessem descrito ocorrências muito
menos significativas em regiões mais remotas, não fazem qualquer menção a esse
fato em particular.
Outro fato
marcante, é que Josephus, o melhor historiador judeu do primeiro século, jamais
disse nada sobre a vida e a morte de Jesus; nada sobre o infanticídio cometido
por Herodes; nenhuma palavra sobre a estrela que apareceu nos céus quando do
nascimento de Jesus; nada sobre a escuridão que se abateu sobre a terra; nada
sobre a centena de túmulos que se abriram e da multidão de judeus que se
levantaram dos mortos e visitaram a cidade sagrada. Na verdade, nenhum
historiador da época jamais mencionou tais prodígios.
CONCLUSÃO:
Em resumo, os
humanistas rejeitam a Bíblia porque ela contem contradições, crueldades,
afirmativas completamente inconsistentes com as leis da natureza, afirmativas
incorretas sobre a estrutura do mundo físico, profecias incorretas e diversos
erros históricos. Outros problemas também poderiam ser citados, tais como não
sabermos quem escreveu a maior parte de seus livros, o fato de que tenha sido
escrita muitos anos depois da ocorrência dos fatos, suas muitas passagens
obscenas, sua promessa de salvação para os ignorantes e os crédulos e a
condenação à tortura eterna para os cépticos e os investigadores que
proporcionaram infinitos benefícios à raça humana.
Todos esses
problemas e muitos outros constituem clara evidencia de que a Bíblia não é a
palavra de Deus. Ao invés de ser infalível, a Bíblia tem muito mais afirmativas
incorretas e ensinamentos imorais do que na maioria de outros livros. Como
resultado de se tratar um livro assim tão cheio de erros como sendo infalível,
a civilização ocidental foi levada ao erro e à miséria através da história.
Além disso, podemos concluir que, no mundo atual, a influência dos ensinamentos
bíblicos no campo político pode resultar - e, na opinião de certas pessoas,
certamente resulta - na continuidade de um grande número de procedimentos socialmente
prejudiciais e uma oposição às propostas progressivas de melhoria social.
Além disso,
percebemos através da mídia que os versículos bíblicos ainda levam alguns
cristãos a cometer atos bizarros e prejudiciais tais como espancar as crianças,
não aceitar tratamento médico, tomar veneno, cortar as mãos ou os pés, arrancar
os olhos, violentamente tentar arrancar do corpo demônios, afastamento dos
afazeres comuns ao nosso mundo, renúncia aos prazeres da vida e a expectativa
de um final iminente do mundo.
Por a Bíblia
conter tantas afirmativa incorretas e ensinamentos pouco éticos e por ter
causado e continuar causando numerosos erros e tantos prejuízos, nós rejeitamos
a proposta daqueles que nos exortam a buscar na Bíblia as respostas para nossos
problemas pessoais, sociais e políticos.
O que tem
permitido à humanidade corrigir muitas das falsas idéias que a Bíblia nos dá
sobre o mundo tem sido a aplicação de uma abordagem científica à solução de
problemas. Tal abordagem envolve a confiança na observação, experiência, lógica
e empatia do ser humano, muito mais do que uma cega aceitação de dogmas
religiosos seculares.
Quando os
resultados obtidos com os métodos científicos são vistos em confronto com as
idéias incorretas contidas na Bíblia e com os prejuízos causados por tais
idéias, fica bem claro que somos muito mais bem guiados pela razão e compaixão
humana do que pelos ensinamentos da Bíblia.
por Joseph C. Sommer
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