CONCEITO: Para a lógica, uma falácia é um sofismo, uma
refutação aparente que se utiliza para defender algo falso, expondo premissas
falsas como sendo verdadeiras. Trata-se de um raciocínio que aparenta ser
lógico, mas cujo resultado é independente da veracidade das premissas.
A falácia lógica, como tal, implica uma aplicação incorreta
de um princípio lógico válido. Também pode ser formada pela aplicação de um
princípio inexistente.
Vejamos o seguinte exemplo:
2. Este anel é verde.
3. Então, o anel é de esmeraldas.
As duas premissas mencionadas podem ser verdadeiras. Porém,
a conclusão não é necessariamente verdadeira. O anel pode ser de esmeraldas ou
de outro material qualquer
de cor verde. No primeiro caso, a conclusão poderia perfeitamente ser
verdadeira, mas, no segundo, estaríamos perante uma conclusão falsa.
1. Espantalho
Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de
atacar.
Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente inventar um
argumento de alguém, fica bem mais fácil apresentar a sua posição como razoável
ou válida. Este tipo de desonestidade não apenas prejudica o discurso racional,
como também prejudica a própria posição de alguém que o usa, por colocar em
questão a sua credibilidade – se você está disposto a desvirtuar
negativamente o argumento do seu oponente, será que você também não
desvirtuaria os seus positivamente?
Exemplo: Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir
mais em saúde e educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe
odeie tanto o Brasil, a ponto de querer deixar o nosso país completamente
indefeso, sem verba militar.
2. Causa Falsa
Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas
coisas significa que uma é a causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a “cum hoc ergo propter hoc”
(com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato de duas
coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este erro consiste
em ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em comum para ambas,
ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas coisas em questão não tenham
absolutamente nenhuma relação de causa, e a sua aparente conexão é só uma
coincidência.
Outra variação comum é a falácia “post hoc ergo propter hoc”
(depois disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é presumida
porque uma coisa acontece antes de outra coisa, logo, a segunda coisa só pode
ter sido causada pela primeira.
Exemplo: Apontando para um gráfico metido a besta,
Rogério mostra como as temperaturas têm aumentado nos últimos séculos, ao mesmo
tempo em que o número de piratas têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas
é que ajudavam a resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.
3. Apelo à emoção
Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um
argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena,
orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um argumento logicamente
coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto emocional, mas o problema e a
falácia acontecem quando a emoção é usada no lugar de um argumento lógico. Ou,
para tornar menos claro o fato de que não existe nenhuma relação racional e
convincente para justificar a posição de alguém.
Exceto os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por
isso apelos à emoção são uma tática de argumentação muito comum e eficiente.
Mas eles são falhos e desonestos, com tendência a deixar o oponente de alguém justificadamente
emocional.
Exemplo: Lucas não queria comer o seu prato de cérebro
de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças
famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer
tipo de comida.
4. A falácia da falácia
Supor que uma afirmação está necessariamente errada só
porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém
argumentar de maneira fraca alguma posição. Na maioria dos casos um debate é
vencido pelo melhor debatedor, e não necessariamente pela pessoa com a posição
mais correta. Se formos ser honestos e racionais, temos que ter em mente que só
porque alguém cometeu um erro na sua defesa do argumento, isso não necessariamente
significa que o argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao
defender que devemos comer alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice
resolveu ignorar a posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com
Queijo no Burger King todos os dias.
5. Ladeira Escorregadia
Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A
fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que
se lide com a questão real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não
se apresenta nenhuma prova de que tais hipóteses extremas realmente ocorrerão,
esta falácia toma a forma de um apelo à emoção do medo.
Exemplo: Armando afirma que, se permitirmos casamentos
entre pessoas do mesmo sexo, logo veremos pessoas se casando com seus pais,
seus carros e seus macacos Bonobo de estimação.
Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo
– “O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia”
- deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
6. Ad hominem
Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em
vez de refutar o argumento dele.
Ataques ad hominem podem assumir a forma de golpes pessoais
e diretos contra alguém, ou mais sutilmente jogar dúvida no seu caráter ou
atributos pessoais. O resultado desejado de um ataquead hominem é
prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento
dele ou apresentar um próprio.
Exemplo: Depois de Salma apresentar de maneira
eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança
do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar
em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser
sincero, tem um cheiro meio estranho.
7. Tu quoque (você também)
Você evitar ter que se engajar em críticas virando as
próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.
Esta falácia, cuja tradução do latim é literalmente “você
também”, é geralmente empregada como um mecanismo de defesa, por tirar a
atenção do acusado ter que se defender e mudar o foco para o acusador.
A implicação é que, se o oponente de alguém também faz
aquilo de que acusa o outro, ele é um hipócrita. Independente da veracidade da
contra-acusação, o fato é que esta é efetivamente uma tática para evitar ter
que reconhecer e responder a uma acusação contida em um argumento – ao devolver
ao acusador, o acusado não precisa responder à acusação.
Exemplo: Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia
lógica, mas, em vez de retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter
cometido uma falácia anteriormente no debate.
Exemplo 2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado
pelo seu oponente de ter desviado dinheiro público na construção de um
hospital. Aníbal não responde a acusação diretamente e devolve insinuando que
seu oponente também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
8. Incredulidade pessoal
Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como
funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.
Assuntos complexos como evolução biológica através de
seleção natural exigem alguma medida de entendimento sobre como elas funcionam
antes que alguém possa entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente
usada no lugar desse entendimento.
Exemplo: Henrique desenhou um peixe e um humano em um
papel e, com desdém efusivo, perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que
nós somos babacas o bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a
forma humana através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com
o passar dos tempos.
9. Alegação especial
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua
afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a
estarem errados.
Em vez de aproveitar os benefícios de poder mudar
de ideia graças a um novo entendimento, muitos inventarão modos de se agarrar a
velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que as pessoas fazem isso é
pós-racionalizar um motivo explicando o porque aquilo no qual elas acreditavam
ser verdade deve continuar sendo verdade.
É geralmente bem fácil encontrar um motivo para acreditar em
algo que nos favorece, e é necessária uma boa dose de integridade e
honestidade genuína consigo mesmo para examinar nossas próprias crenças e
motivações sem cair na armadilha da auto-justificação.
Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas
“habilidades” foram testadas em condições científicas apropriadas, elas
magicamente desapareceram. Ele explicou, então, que elas só funcionam para quem
tem fé nelas.
10. Pergunta carregada
Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de
modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.
Falácias desse tipo são particularmente eficientes em
descarrilar discussões racionais, graças à sua natureza inflamatória – o
receptor da pergunta carregada é compelido a se justificar e pode parecer
abalado ou na defensiva. Esta falácia não apenas é um apelo à emoção, mas
também reformata a discussão de forma enganosa.
Exemplo: Graça e Helena estavam interessadas no mesmo
homem. Um dia, enquanto ele estava sentado próximo suficiente a elas para
ouvir, Graça pergunta em tom de acusação: “como anda a sua reabilitação das
drogas, Helena?”
11. Ônus da prova
Você espera que outra pessoa prove que você está errado, em
vez de você mesmo provar que está certo.
O ônus (obrigação) da prova está sempre com quem faz uma
afirmação, nunca com quem refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de
intenção, de provar errada uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela
nenhuma credibilidade.
No entanto, é importante estabelecer que nunca podemos ter
certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar cada afirmação de acordo
com as provas disponíveis. Tirar a importância de um argumento só porque ele
apresenta um fato que não foi provado sem sombra de dúvidas também é um
argumento falacioso.
Exemplo: Beltrano declara que uma chaleira está, nesse
exato momento, orbitando o Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode
provar que ele está errado, a sua afirmação é verdadeira.
12. Ambiguidade
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar
a sua verdade de modo enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de usar ambiguidade em
seus discursos, para depois, se forem questionados, poderem dizer que não
estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado como uma falácia, pois é
intrinsecamente enganoso.
Exemplo: Em um julgamento, o advogado concorda que o
crime foi desumano. Logo, tenta convencer o júri de que o seu cliente não é
humano por ter cometido tal crime, e não deve ser julgado como um humano
normal.
13. Falácia do apostador
Você diz que “sequências” acontecem em fenômenos
estatisticamente independentes, como rolagem de dados ou números que caem em
uma roleta.
Esta falácia de aceitação comum é provavelmente o motivo da
criação da grande e luminosa cidade no meio de um deserto americano chamada Las
Vegas.
Apesar da probabilidade geral de uma grande sequência do
resultado desejado ser realmente baixa, cada lance do dado é, em si mesmo,
inteiramente independente do anterior. Apesar de haver uma chance baixíssima de
um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes seguidas, a chance de dar cara em cada uma
das vezes é e sempre será de 50%, independente de todos os lances anteriores ou
futuros.
Exemplo: Uma roleta deu número vermelho seis vezes em
sequência, então Gregório teve quase certeza que o próximo número seria preto.
Sofrendo uma forma econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas
economias.
14. Ad populum
Você apela para a popularidade de um fato, no sentido de que
muitas pessoas fazem/concordam com aquilo, como uma tentativa de validação
dele.
A falha nesse argumento é que a popularidade de uma ideia
não tem absolutamente nenhuma relação com a sua validade. Se houvesse, a Terra
teria se feito plana por muitos séculos, pelo simples fato de que todos
acreditavam que ela era assim.
Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo para João e
perguntou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma
superstição antiga e boba. João, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do
que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de
duendes de fato existirem é grande.
15. Apelo à autoridade
Você usa a sua posição como figura ou instituição de
autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular “carteirada”.)
É importante mencionar que, no que diz respeito a esta falácia,
as autoridades de cada campo podem muito bem ter argumentos válidos, e que não
se deve desconsiderar a experiência e expertise do outro.
Para formar um argumento, no entanto, deve-se defender seus
próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a pessoa em posição de
autoridade tem aquela posição. No entanto, é claro, é perfeitamente possível
que a opinião de uma pessoa ou instituição de autoridade esteja errada; assim
sendo, a autoridade de que tal pessoa ou instituição goza não tem nenhuma relação
intrínseca com a veracidade e validade das suas colocações.
Exemplo: Impossibilitado de defender a sua posição de
que a teoria evolutiva “não é real”, Roberto diz que ele conhece pessoalmente
um cientista que também questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.
Exemplo 2: Um professor de matemática se vê questionado
de maneira insistente por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas,
irritado após cometer um deslize em sua fala, o professor argumenta que tem
mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar
nele.
16. Composição/Divisão
Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a
todas, ou outras, partes daquilo.
Muitas vezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também
se aplica ao todo, mas é crucial saber se existe evidência de que este é mesmo
o caso.
Já que observamos consistência nas coisas, o nosso
pensamento pode se tornar enviesado de modo que presumimos consistência e
padrões onde eles não existem.
Exemplo: Daniel era uma criança precoce com uma
predileção por pensamento lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então
logo concluiu que ele, por ser feito de átomos, também era invisível. Nunca foi
vitorioso em uma partida de esconde-esconde.
17. Nenhum escocês de verdade…
Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma
de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta forma de argumentação falha, a crença de alguém é
tornada infalsificável porque, independente de quão convincente seja a
evidência apresentada, a pessoa simplesmente move a situação de modo que a
evidência supostamente não se aplique a um suposto “verdadeiro” exemplo. Esse
tipo de pós-racionalização é um modo de evitar críticas válidas ao argumento de
alguém.
Exemplo: Angus declara que escoceses não colocam açúcar
no mingau, ao que Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau.
Furioso, como um “escocês de verdade”, Angus berra que nenhum escocês de
verdade põe açúcar no seu mingau.
18. Genética
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua
origem.
Esta falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de
algo ou alguém. É similar à falácia ad hominem no sentido de que ela
usa percepções negativas já existentes para fazer com que o argumento de alguém
pareça ruim, sem de fato dissecar a falta de mérito do argumento em si.
Exemplo: Acusado no Jornal Nacional de corrupção e
aceitação de propina, o senador disse que devemos ter muito cuidado com o que
ouvimos na mídia, já que todos sabemos como ela pode não ser confiável.
19. Preto-ou-branco
Você apresenta dois estados alternativos como sendo as
únicas possibilidades, quando de fato existem outras.
Também conhecida como falso dilema, esta tática
aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob análise mais cuidadosa
fica evidente que há mais possibilidades além das duas apresentadas.
O pensamento binário da falácia preto-ou-branco não leva em
conta as múltiplas variáveis, condições e contextos em que existiriam mais do
que as duas possibilidades apresentadas. Ele molda o argumento de forma
enganosa e obscurece o debate racional e honesto.
Exemplo: Ao discursar sobre o seu plano para
fundamentalmente prejudicar os direitos do cidadão, o Líder Supremo falou ao
povo que ou eles estão do lado dos direitos do cidadão ou contra os direitos.
20. Tornando a questão supostamente óbvia
Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi
incluída na premissa.
Este argumento logicamente incoerente geralmente surge em
situações onde as pessoas têm crenças bastante enraizadas, e por isso
consideradas verdades absolutas em suas mentes. Racionalizações circulares são
ruins principalmente porque não são muito boas.
Exemplo: A Palavra do Grande Zorbo é perfeita e
infalível. Nós sabemos disso porque diz aqui no Grande e Infalível Livro das
Melhores e Mais Infalíveis Coisas do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras
e Não Devem Nunca Serem Questionadas.
Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor
possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
21. Apelo à natureza
Você argumenta que só porque algo é “natural”, aquilo é
válido, justificado, inevitável ou ideal.
Só porque algo é natural, não significa que é bom.
Assassinato, por exemplo, é bem natural, e mesmo assim a maioria de nós
concorda que não é lá uma coisa muito legal de você sair fazendo por aí. A sua
“naturalidade” não constitui nenhum tipo de justificativa.
Exemplo: O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua
carroça cheia de remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água
pura muito especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e
desconfiarem de remédios “artificiais”, como antibióticos.
22. Anedótica
Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em
vez de um argumento sólido ou prova convincente.
Geralmente é bem mais fácil para as pessoas simplesmente
acreditarem no testemunho de alguém do que entender dados complexos e variações
dentro de um continuum.
Medidas quantitativas científicas são quase sempre mais
precisas do que percepções e experiências pessoais, mas a nossa inclinação é
acreditar naquilo que nos é tangível, e/ou na palavra de alguém em quem
confiamos, em vez de em uma realidade estatística mais “abstrata”.
Exemplo: José disse que o seu avô fumava, tipo, 30
cigarros por dia e viveu até os 97 anos — então não acredite nessas meta
análises que você lê sobre estudos metodicamente corretos provando relações
causais entre cigarros e expectativa de vida.
23. O atirador do Texas
Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de
dados que sirva para provar o seu argumento sem ser representativo do todo.
Esta falácia de “falsa causa” ganha seu nome partindo do
exemplo de um atirador disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão,
e, na sequência, pintando um alvo ao redor da área com o maior número de
buracos, fazendo parecer que ele tem ótima pontaria.
Grupos específicos de dados como esse aparecem naturalmente,
e de maneira imprevisível, mas não necessariamente indicam que há uma relação
causal.
Exemplo: Os fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar
apontam pesquisas que mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais
vendida, três estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo,
Cocaçúcar é saudável.
24. Meio-termo
Você declara que uma posição central entre duas extremas
deve ser a verdadeira.
Em muitos casos, a verdade realmente se encontra entre dois
pontos extremos, mas isso pode enviezar nosso pensamento: às vezes uma coisa
simplesmente não é verdadeira, e um meio termo dela também não é verdadeiro. O
meio do caminho entre uma verdade e uma mentira continua sendo uma mentira.
Exemplo: Mariana disse que a vacinação causou autismo
em algumas crianças, mas o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação
já foi derrubada como falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu
um meio-termo: talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
25. Apelo ao ridículo:
Ridicularizar um argumento como forma de derrubá-lo.
Exemplo: Se a teoria da evolução fosse
verdadeira, significaria que o seu tataravô seria um gorila
26. Apelo à força:
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou
ameaça para impor a conclusão.
Exemplo: Acredite no que eu digo, não se esqueça de
quem é que paga o seu salário.
27. Apelo à riqueza:
Essa falácia é a de acreditar que dinheiro é fator
de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Exemplo: O Barão é um homem vivido e conhece
como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser.
28. Argumentum ad lapidem:
Desqualificar uma afirmação como absurda, mas sem provas.
Exemplo: João, ministro da educação, é acusado
de corrupção e defende-se dizendo: ‘Esta acusação é um disparate’.
Baseado em quê?
29. Repetição nauseante:
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de
que, quanto mais se diz algo, mais correto está.
Exemplo: Se Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é
uma mentirosa, então ela é.
30. Causa diminuta:
Apontar uma causa irrelevante.
Exemplo: Vocês discutem quem tem direito ao título de
“doutor”, enquanto tem gente passando fome.
31. Teoria irrefutável:
Informar um argumento com uma hipótese que não pode ser
testada.
Exemplo 1: Ganhei na loteria porque estava
escrito no livro do destino.
Exemplo 2: Tal teoria científica não pode estar errada
porque já foi comprovada, logo, não pode ser mais testada.
Fonte: Papo de Homem, Conceito.de
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