sábado, 27 de abril de 2013

Feliciano volta a afirmar que negros africanos são "amaldiçoados"


Em defesa protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) saiu da defesa e partiu para o ataque. O parlamentar, que responde pelo crime de estelionato, voltou a afirmar que “paira sobre os africanos uma maldição divina”. O presidente da Comissão de Direitos Humanos tentou justificar sua fala desatacando que atrelou seu mandato à sua crença religiosa. Lembrando que, além de político, Feliciano é pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus, do ministério Catedral do Avivamento.

“Citando a Bíblia (…), africanos descendem de Cão (ou Cam), filho de Noé. E, como cristãos, cremos em bênçãos e, portanto, não podemos ignorar as maldições”, afirmou, na peça protocolada em seu nome pelo advogado Rafael Novaes da Silva no STF no último dia 21. O parlamentar diz que não é homofóbico e racista. Reafirma, porém, que sua visão sobre os povos africanos é meramente fruto de sua religião.


“Ao comentar (no Twitter) acerca da 'maldição que acomete o continente africano'", diz sua defesa, o deputado quis afirmar que é "como se a humanidade expiasse por um carma, nascido no momento em que Noé amaldiçoou o descendente de Cão e toda sua descendência, representada por Canaã, o mais moço de seus filhos, e que tinha acabado de vê-lo nu”.

Apesar de toda a polêmica com os grupos africanos - que vem repercutindo, principalmente, no movimento negro - Feliciano disse existe uma forma de “curar a maldição” histórica pregada nos textos bíblicos. “É preciso entregar os seus caminhos ao Senhor. Tem ocorrido isso no continente africano. Milhares de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição tem sido retirado”, diz o texto.

Especialistas reiteram que as interpretações do trecho da Bíblia utilizadas pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos serviram de arcabouço teórico para teorias racistas. Donos de escravos do Brasil e dos Estados Unidos justificavam suas práticas através do discurso religioso até o século 19.

Mandato e religião

Marco Feliciano é alvo de inquérito no STF por preconceito e discriminação por uma declaração no microblog Twitter. A Procuradoria Geral da República o denunciou ao STF - onde também responde uma ação de acusado de estelionato. O presidente da Comissão de Direitos Humanos é acusado de incitar discriminação de cor, raça e religião. Pode pegar prisão de um a três anos, for a o pagamento de multas.

Na defesa, o pastor alega que seu mandato é atrelado à religião. Na defesa ao STF, disse que suas manifestações no Twitter estão “"ligadas ao exercício de seu mandato". As estratégia é vincular as declarações à imunidade parlamentar. Feliciano foi eleito para a comissão em março. Após os protestos, o pastor conseguiu aprovar requerimento fechando-as para o público.

Com informações do jornal Folha de S. Paulo
Extraído do site: http://www.diariodepernambuco.com.br








3 comentários:

Anônimo disse...

Esperar por maldições de um deus que ao longo da sua interação com seu povo o que mais fez foi amaldiçoar quem fosse contra as suas vontades ou atravessasse o seu caminho e muito fácil de compreender.

Disse mais Moisés: Assim o SENHOR tem dito: Å meia noite eu sairei pelo meio do Egito;
E todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que haveria de assentar-se sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito dos animais.
Êxodo 11:4-5
O deus dos cristãos tem essa característica de punir ate mesmo os animais irracionais. Quem dirá culturas diferentes das do seu povo? Ate porque o seu povo também não escapa da sua maldade infinita.

Porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. Êxodo 20:5

a melhor lei que os homens na terra poderiam seguir é a lei da consciência limpa! Se ela não te acusa você terá paz consigo mesmo e com os seus semelhantes e garanto que deus e religião não irão fazer falta!

Klesty Andrada disse...

E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.
E disse: Bendito seja o SENHOR Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
(Gênesis 9:20-27)

Senhores não há evidência na passagem bíblica que nos leve a crer que os descendentes de Cam ou Cão são os negros que viveram no continente africano. Muito pelo contrário, os descendentes de Cam são os cananeus que viveram num pedaço de terra compreendida entre Sidom (ao norte) e Gerar (ao sul), Gênesis 10:19-20. Gerar é o limite sul da faixa de terra dos cananeus e está muito longe da Etiópia, lugar onde o pastor equivocado afirmou que os descendentes de Cam moram. E se queremos ir mais além, em outras passagens bíblicas encontramos algumas referencias que mostram que alguns cananeus habitaram em terras egípcias, mas não há mais nada que nos permita um passo a mais além do Egito em direção ao sul.

Quanto a maldição, eu não consigo compreender qual a ligação que há entre os negros e a maldição. Deus não amaldiçoou os negros, mas a Canaã e sua descendência (os cananeus) que seriam servos de seus irmãos, Sem e Jafé.

Essa teologia nojenta e digna de nossa repulsa deve ter surgido para justificar o regime escravocrata endossado pela Igreja Católica na pessoa do papa Nicolau V em 1455 a partir do significado do nome de Cam ou Cão que significa “quente” ou ”queimado”. Nicolau V promulgou a Bula Romanus Pontifex, que, entre outras aberrações, afirma que: “Nós (...) concedemos livre e ampla licença ao rei Afonso para invadir, perseguir, capturar, derrotar e submeter todos os sarracenos e quaisquer pagãos e outros inimigos de Cristo onde quer que estejam seus reinos (...) e propriedade, e reduzi-los à escravidão perpétua e tomar para si seus sucessores seus reinos (...) e propriedades”.

Na apresentação do combonianos, o padre Isaías Rocha incorre na ideia de maldição:
"A Missão - A missão de Comboni foi teologal, onde o primado da fé teve vantagem. Dela disse a missionária que ele mais estimava, Teresa Grigolini: «exteriormente não parecia homem de recolhimento, mas ao olhar para ele ficava-me a sensação de que estava sempre na presença de Deus». Homem do deserto, contemplativo do Coração do Bom Pastor, não falhava na oração e dela sentia o impulso para «abraçar os cem milhões de africanos ainda considerados sob a maldição de Cam.”

Klesty Andrada disse...

Ora, o significado do nome Cam não deve ser usado como justificativa para ligar os negros à maldição, principalmente porque não foi Cam o amaldiçoado, mas Canaã. A menos que Noé tenha tido filhos com raças diferentes (o que é cientificamente improvável, pois todos são filhos da mesma mãe), todos tinham a cor da pele parda algo muito comum aos homens que vivem no Oriente Médio. Da mesma forma, é improvável a existência de caucasianos no Oriente Médio daquela época!

Associar somente os cananeus (descendentes de Canaã) aos negros é, no mínimo, um contorcionismo teológico radical, pois é muito mais sensato afirmar que todos os filhos de Noé eram negros por viverem no Oriente Médio. Esse argumento tosco não passa de uma artimanha religiosa que virou uma espécie de tradição e que perdura até os dias de hoje e são exploradas por fanáticas como Feliciano.

Eu não deveria está usando a bíblia para defender os negros, pois a bíblia não é digna da minha admiração, aliás, é por causa dela que existe toda essa confusão. Ao invés da bíblia ajudar as pessoas a se amarem e deixarem de lado o preconceito e a discriminação, na prática, ela faz com que haja indiferenças entre povos e culturas diferentes, tudo isso para atender aos caprichos de um deus de contendas e de guerra que se autointitula senhor dos exércitos.

Que justiça há nessas maldições hereditárias senhores? Se não entendemos e não sabemos responder a essa pergunta é porque no fundo somos mais benevolentes que o deus abraâmico que pune uma eternidade de gerações pelo pecado de um só homem!

Até Jó demonstrou não concordar com esse tipo de punição: “Diz-se que Deus guarda a iniquidade do pai para seus filhos. Mas é a ele que deveria Deus dar o pago, para que o conheça!”, Jó 21:19.

Mas se tem algum evangélico lendo este comentário já devem está dizendo em pensamento que não convém aos homens questionar os desígnios de Deus... Pensamento esse que é o puro resultado de uma mente alienada e atrofiada que não se permite evoluir com a humanidade.

No fim das contas, Noé era quem deveria ter sido punido pela sua bebedeira descontrolada e consequente embriagues, mas Cam apenas por visto a nudez do bêbado do pai, teve sua descendência amaldiçoada e condenada à eterna escravidão. Sou muito honesto com a minha consciência e ela está muito longe de compreender isso como justiça!

Se os negros são de fato amaldiçoados e já sofrem pagando pelos pecados de Cam aqui nesta vida, seria deus capaz de ainda mandar os negros para o tal inferno? Segundo a teologia cristã contemporânea sim, pois ele é um deus justo e bom...