Existe gente que acha que os
homossexuais já nascem assim. Outros, ao contrário, dizem que a conjunção do
ambiente social com a figura dominadora do genitor do sexo oposto é que são
decisivos na expressão da homossexualidade masculina ou feminina.
Como separar o patrimônio genético herdado involuntariamente de nossos antepassados da influência do meio foi uma discussão que monopolizou o estudo do comportamento humano durante pelo menos dois terços do século XX.
Os defensores da origem genética
da homossexualidade usam como argumento os trabalhos que encontraram
concentração mais alta de homossexuais em determinadas famílias e os que
mostraram maior prevalência de homossexualidade em irmãos gêmeos univitelinos
criados por famílias diferentes sem nenhum contato pessoal.
Mais tarde, com os avanços dos métodos de neuro-imagem, alguns autores procuraram diferenças na morfologia do cérebro que explicassem o comportamento homossexual.
Os que defendem a influência do meio têm ojeriza aos argumentos genéticos. Para eles, o comportamento humano é de tal complexidade que fica ridículo limitá-lo à bioquímica da expressão de meia dúzia de genes.
Como negar que a figura excessivamente protetora da mãe, aliada à do pai pusilânime, seja comum a muitos homens homossexuais? Ou que uma ligação forte com o pai tenha influência na definição da sexualidade da filha?
Sinceramente, acho essa discussão antiquada. Tão inútil insistirmos nela como discutir se a música que escutamos ao longe vem do piano ou do pianista.
A propriedade mais importante do sistema nervoso central é sua plasticidade. De nossos pais herdamos o formato da rede de neurônios que trouxemos ao mundo. No decorrer da vida, entretanto, os sucessivos impactos do ambiente provocaram tamanha alteração plástica na arquitetura dessa rede primitiva que ela se tornou absolutamente irreconhecível e original.
Cada indivíduo é um experimento único da natureza porque resulta da interação entre uma arquitetura de circuitos neuronais geneticamente herdada e a experiência de vida. Ainda que existam irmãos geneticamente iguais, jamais poderemos evitar as diferenças dos estímulos que moldarão a estrutura microscópica de seus sistemas nervosos. Da mesma forma, mesmo que o oposto fosse possível – garantirmos estímulos ambientais idênticos para dois recém-nascidos diferentes – nunca obteríamos duas pessoas iguais por causa das diferenças na constituição de sua circuitaria de neurônios. Por isso, é impossível existirem dois habitantes na Terra com a mesma forma de agir e de pensar.
Se taparmos o olho esquerdo de um recém-nascido por 30 dias, a visão daquele olho jamais se desenvolverá em sua plenitude. Estimulado pela luz, o olho direito enxergará normalmente, mas o esquerdo não. Ao nascer, os neurônios das duas retinas eram idênticos, porém os que permaneceram no escuro perderam a oportunidade de ser ativados no momento crucial. Tem sentido, nesse caso, perguntar o que é mais importante para a visão: os neurônios ou a incidência da luz na retina?
Em matéria de comportamento, o resultado do impacto da experiência pessoal sobre os eventos genéticos, embora seja mais complexo e imprevisível, é regido por interações semelhantes. No caso da sexualidade, para voltar ao tema, uma mulher com desejo sexual por outras pode muito bem se casar e até ser fiel a um homem, mas jamais deixará de se interessar por mulheres. Quantos homens casados vivem experiências homossexuais fora do casamento? Teoricamente, cada um de nós tem discernimento para escolher o comportamento pessoal mais adequado socialmente, mas não há quem consiga esconder de si próprio suas preferências sexuais.
Até onde a memória alcança, sempre existiram maiorias de mulheres e homens heterossexuais e uma minoria de homossexuais. O espectro da sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto; vai dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas entre a hetero e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos.
Como o presente não nos faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa espécie? Por que insistirmos no preconceito contra um fato biológico inerente à condição humana?
Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela simplesmente se impõe a cada um de nós. Simplesmente, é!
2 comentários:
Na verdade, o que se considera maioria heterossexual, deveria ser revisto como "grande repressão" de sentimentos, visto que tantos homens quanto mulheres, ainda que em casamentos heterossexuais, nutrem todo o seu desejo, sexual e afetivo, para o mesmo sexo. Onde vemos grande parte das "amizades" entre homens casados, na verdade, uma tentativa de amenizar a carência pelo mesmo sexo. A única coisa que Freud disse, e ainda se torna verdade, é o dito "espelho", onde o indivíduo procura no outro uma parte de si... mas não como uma frustração, mas como uma complementação e realização do eu.
Antes de dar a minha opinião sobre o tema, gostaria de dar-lhes as boas vindas o DM! Sinta-se a vontade para publicar seus posts ou fazer comentários sobre qualquer uma de nossas publicações, a ideia é fazer com que este espaço seja cada vez mais um lugar onde possamos reunir os amigos para falarmos sobre temas polêmicos ou não para lapidarmos a nossa forma de pensar sobre determinados temas e questões. Graças estes tipos de discussões, sou quem sou, mas ainda não me considero dono da verdade, isso vai acontecer, há muito o que aprender com meus amigos, por isso, não abro mão de um bom debate onde tenho a oportunidade de aprender sempre um pouco mais. Sinta-se em casa!
Quanto ao seu comentário sobre o tema, achei uma visão unilateral. As afirmações são importantíssimas, mas sem respaldo ou citações cientificas que as possam comprovar.
Como assim casais heterossexuais "... nutrem todo o seu desejo, sexual e afetivo, para o mesmo sexo."???
Calma... de onde você tirou isso, qual foi a pesquisa? Não é assim que funciona quando vemos as coisas de outra perspectiva!
Um homem tem amigos pela necessidade tê-los como "aliados", pois essa é a visão primitiva quando consideramos o “homem animal”.
O pensamento de Freud não é considerado um argumento válido para justificar o comportamento homoafetivo entre as espécies, há outros tantos fatores que podem justificar, mas não esse.
Concordo que haja uma certa “repressão” quando da afirmação “maioria heterossexual”, mas discordo, por enquanto, das outras afirmações importantes.
Gostaria de saber do colega, se possível, com argumentos científicos, se as causas da homossexualidade são de natureza genética, hormonal ou comportamental.
Ah! Cite, por favor, as pesquisas que justificam as tuas primeiras afirmações, pois o que pode ser gratuitamente afirmado, pode ser gratuitamente negado.
no aguardo
Seja bem vindo!
Postar um comentário